O trem da saudade.

setembro 10, 2011 0 comentários

               É fato! Não nos ensinaram a dizer adeus. O pior é que até para dizer “até logo” e “até mais” temos certa resistência. Outro dia encontrei parte da “minha história” pelos corredores da vida. Incrível! Conversamos por algum instante e foi como se o tempo tivesse congelado e voltássemos de volta há anos. Aquele velho sorriso, o olhar encantador, a forma como a conversa flui. Saudade de uma época que no fundo ainda vive em mim. São como livros na estante, empoeirados ou não, quando são bons sempre há espaço na prateleira. E esse em especial era uma linda história com final prematuro. A imaturidade nos faz perder o compasso e antecipar o final da história.
            Certa vez li no blog de uma grande amiga, outra parte da “minha história” muito mal resolvida, que na verdade o autor por cansaço é que coloca fim no livro. No meu caso foi à desatenção em tratar e referenciar os belos capítulos que culminou num desfecho precipitado. Mas talvez, como toda grande obra, a gente necessite dar um tempo até voltar a se debruçar naquela bela história. Senão, que ao menos tiremos proveitos das desastrosas formas de aprender a tecer boas narrativas com finais para Hollywood nenhuma por defeito. Já saliento desde já que as partes da “minha história” não têm nexo com finais de relacionamento longos, coléricos e carregados de um sentimentalismo rancoroso e possessivo. Há ex-namoradas, ex-mulheres, porém não há ex-romances, ex-amantes, ex-ficantes ou sei lá que palavras se utilizam nesse vernáculo da sedução.
            Tenho boas lembranças desses amores de verão que não duraram mais do que uma estação. Não ouve tempo de dar flores, frutos ou congelar nossas fantasias. Acabaram quase todos da mesma forma: negligência, imperícia ou imprudência. Contudo, sempre que passeamos pelo túnel do tempo, temos a certeza que o trem da saudade deveria recuperar o atraso e voltar a freqüentar aquelas estações. A questão é que as estações quase sempre têm novos trens para carregar o bem-querer que um dia esteve em nossos vagões. E para piorar, os trilhos só nos levam para frente e nunca para trás. Com seria formidável se de vez em quando pudéssemos dar ré na máquina e apitar feliz como quem diz “Voltei! Embarque agora e não desça nunca mais”. Enquanto isso, a locomotiva saudosista se despede da Estação dos Bons Acontecimentos esperando que o maquinista siga viagem em paz. A locomotiva passa, porém, parte do maquinista sempre fica em cada estação. Amor, eu sei que não é, só é a frustração de ter perdido a hora certa do embarque.

Nota: Texto cedido pelo meu amigo André Nunes. Será sempre com muito prazer e orgulho que os publicarei aqui no blog. Acho incrível como ele consegue entrar dentro dos meus pensamentos e colocar no papel tudo o que eu sinto mas não consigo. André, mais uma vez agradeço a sua colaboração. Valeu mesmo! =]

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