Migalhas.

Século XXI e pessoas mendigando sentimentos... amor, respeito, compreensão, afeto, carinho. Sentimentos gratuitos, sem ônus. Sentimentos que não se imploram e nem se pedem. Devem e são espontâneos, pois vêm de dentro, do coração. Questiono o que leva alguém a ser pobre de espírito pra aceitar migalhas, só farelos. Em que momento ela se perdeu, onde foi que ela deixou o seu valor, a sua auto estima. São tão mendigas que contentam-se com misérias do que poderia ser banquete. Imploram atenção, doam sem retribuição, fazem de um tudo pra ter um pouquinho - porque isso as satisfazem, um simples pouquinho - de amor. Orgulho já nem sequer existe mais, amor próprio nem sabem o que é. Perguntam o que fizeram ou fazem de errado, punem-se e se culpam por erros que, talvez, nem sejam delas. Sentem-se um nada, mas não percebem, porque quando chega o pouquinho, esquecem de tudo, pensando que estão felizes. Mera ilusão. É como se qualquer pouco valesse a pena, como se o mínimo as satisfizessem. Tanta gente - com tanto potencial - rebaixando-se a nada, a zero, pra agradar ou satisfazer outra pessoa. Pessoas se anulando, colocadas em segundo plano, terceiro plano e ainda assim felizes, só por estarem ali, achando que é vantagem. Não percebem que quando se começa a mendigar, nada mais vale a pena. Não entendem que se é preciso implorar, é porque algo já está fracassado, sem retorno, sem volta. Quando você grita por atenção, é porque acabou o brilho, a chama e então é hora de deixar partir, é hora de ver que ninguém precisa de migalhas pra ser feliz, hora de distinguir entre o que fará bem e o que não fará a menor falta. Uma pena que pessoas se percam nesse caminho, uma pena ver gente querendo os farelos, sem sequer perceber que bem à frente existe um banquete maravilhoso esperando.