À parte.

abril 03, 2012 0 comentários

Meio atordoada, meio inquieta, ela acordou em mais um dia que deveria ser normal. Ela mal sabia que de normal não seria nem a sua respiração. Levantou da cama como alguém que carrega um peso enorme. Mas, ao contrário do que parecia, não era peso físico, era o oposto. Fez o que era habitual e saiu, sem o menor gosto, para a sua costumeira rotina. Com um sorriso frustrado, ela retribuía os cumprimentos do dia. Sem muitas esperanças, sem grandes expectativas. Ficou sentada por horas num cantinho afastado e os acontecimentos do dia anterior não saiam dos seus pensamentos. Ficava interrogando para onde estava caminhando, ficou esperando achar uma resposta, mas o silêncio era tudo o que tinha. Percebeu então os efeitos de tamanho teatro que ela mesma havia criado em sua mente. Ela e ele. Relembrou os mínimos detalhes, reviveu as diversas sensações, fez tudo o que pôde, abriu seu coração, seu íntimo. Esperou retribuição, esperou o dia seguinte... Ali, sozinha, quase mergulhada em lágrimas, se deu conta que a vida não espera, não retribui e não agradece. É ingrata, injusta e não facilita. Percebeu que devia fazer as coisas por ela mesma, sem esperar nada em troca. Fazer simplesmente por gosto, coragem e vontade de viver. Levantou da solidão, deu os primeiros passos em direção ao novo. Uma vida nova, um olhar novo, um espírito novo. Descobriu que a felicidade tende a ser um estado de espírito. Agora, ela sairia do normal, do comum. Tudo o que importava era ela e o que viesse seria acréscimo.  

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