Diálogos com uma mulher casada.

abril 02, 2011 2 comentários

Sempre fui um grande apreciador dos diálogos com o sexo oposto. Por mais que na maioria das vezes seja taxado de machista, vagabundo ou salafrário – mecanismo de defesa natural de toda mulher quando não consegue desconstruir a argumentação masculina – creio que nada mais prazeroso para mim do que uma conversa nua e crua com uma donzela. As mulheres são seres maravilhosos por suas mentes tão instigantes, complexas e incompreensíveis. Porém, mesmo com toda diferença ideológica, homens e mulheres sempre chegam a mesma resposta só que por caminhos diferentes.
Estava eu no meio do expediente conversando com uma amiga de trabalho sobre relacionamento. A principio tinha tudo para ser um monologo. Contudo, o título diz tudo: dialogo. Ela justificava os motivos que a levaram a casar, ao mesmo tempo em que tentava me fazer crer que o casamento era algo bom. Lógico, eu percebi nas entrelinhas de suas afirmações espontâneas e reveladoras que casar é buscar estabilidade, filhos, companheirismo e a outra metade para pagar as contas. O prazer é algo subsidiário e que se torna corriqueiro com o tempo. Sexo, diversão e loucuras só para não cair na rotina!
Senti que ela era realmente feliz com tudo isso, apesar de afirmar que o tempo acaba com aquele calor ardente e incontrolável do inicio. Nós necessariamente nos acomodados ao amor e começamos a tratá-lo como um tipo de piada antiga e boa que todos os dias contamos para nós mesmos e damos nossos sorrisos sinceros, porém sem a mesma intensidade. Talvez um dia até se torne sem graça e acabe com o milagre maior que é sorrir! Talvez a piada morra justamente por não acharmos mais motivo para gozá-la. Sempre há um grande problema quando não mais gozamos. O gozo é sempre a forma de dar vida a vida. Não gozar é uma forma de encher o saco! Ela sabia disso e por isso mesmo fez questão de afirmar que o sexo não era com freqüência, e nem com tanta qualidade como anos atrás, mas é sempre preciso esvaziar o saco. Viver sem amor até que vai, mas não sem sexo.
No fundo mesmo que ela não tenha dito, ela concorda inconscientemente comigo. O amor é perecível. O tempo é cruel, desgastante e broxante. O sexo é o primeiro e último pilar de justificação de uma relação marcada pela a morte sucessiva das emoções, fantasias e novidades. Fora do sexo não há salvação! Hipócritas dizem que sexo não é tudo. Os realistas dizem que o sexo não é tudo; é só a única coisa. As distancias entre os corpos delimita a distancia entre os corações e conseqüentemente cria um hiato intransponível em qualquer relação humana. Quando a cama fica grande demais para duas pessoas é porque a química se foi, deixou apenas a história. A questão é que geralmente não somos bons museus!

Texto cedido pelo amigo André Nunes.

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