Sábado qualquer.

março 29, 2022 0 comentários


Era mais um dia qualquer, muitos anos haviam passado, muitas histórias acontecido. Eles nem lembravam mais um do outro. (Pelo menos, era o que pensavam). Foi em um sábado. De sol. No parque. Um passeio despretensioso. Por um descuido, Aslan - o cachorro dela - saiu correndo e, por um acaso, foi logo se enrolar nas pernas "dele", que fazia sua corrida matinal. O momento mais constrangedor. Tantos anos que não se viam. Tanta coisa havia mudado. Apenas uma única continuava igual, a palpitação no coração, que bateu descompassado por um pequeno espaço de tempo. Trocaram olhares breves, tímidos e desconcertados, sem reação. Cumprimentaram-se balançando a cabeça como dois estranhos, existia um abismo ao meio, até que tiveram coragem suficiente de se encararem fixamente. Aí tudo parou. O tempo, as pessoas, as falas. Foi necessário apenas isso.. era como se passasse um filme mudo e lento entre eles. As memórias, recordações, lembranças, risadas, alegrias. Tudo ali. Tudo aquilo que juravam estar esquecido, que juravam não mais existir. Naquele momento, houve a mais intensa e profunda troca de cumplicidade, de paixão, de carinho, de amor. No silêncio das palavras. Onde nada precisava ser dito e ao mesmo tempo tudo precisava ser explicado. A ligação deles era palpável, linda e extasiante. Aquele fio invisível e inquebrável ainda existia. Os olhos marejados não negavam. Num breve segundo foram despertos pelo latido de Aslan que já estava a metros de distância puxando insistentemente sua dona. Não houve um oi e nem sequer um adeus. Os olhares dispersaram. Ficaram, novamente, com mais uma memória ímpar e um gostinho mágico de algo que poderia ter sido, mas nunca foi. 

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