Sextou.

fevereiro 03, 2020 0 comentários

Finalmente tinha chegado a sexta feira. Depois de uma semana turbulenta, ela chegou em casa e foi tirando o sapato. Logo em seguida, a saia e a camisa suja do trabalho. Chegar em casa significava chegar no aconchego, no refúgio, na calmaria. O telefone não demorou muito a tocar. Tinha combinado de sair com uns amigos. Estava a um passo de arrepender-se, mas não podia. Já era a terceira vez na semana que dava o bolo. Tomou um banho quente e demorado, lavou os cabelos e tirou a maquiagem do rosto. Não estava muito animada, mas começou a se arrumar. No telefone, as mensagens chegavam de cinco em cinco minutos. Sempre as mesmas perguntas "cade você?" "já está chegando?" "estamos te esperando". Falou baixinho que mais uma dessas e desistiria. Graças a Deus, não chegou mais nada. Colocou o primeiro vestido que viu à sua frente, arrumou como se estivesse indo para um acampamento, totalmente sem glamour e sem muita graça. Pegou a bolsa, o celular, deu uma ultima checada no espelho e saiu. Sem disposição, sem vontade. No meio do caminho, o celular começou frenético, já tinha se arrependido. O uber levou exatamente dezoito minutos para chegar ao destino. O barzinho mais badalado da cidade, aquele que ela nao frequentava já há muito tempo. A fila de espera estava enorme, mas sentiu um tremendo alívio quando viu sua amiga esperando na entrada. Com um sorriso que dizia "a noite promete". Desceu do carro e foi caminhando encontrar a amiga, entraram e foram em direção à mesa. De longe viu ele. Entre tantas pessoas no ambiente, foi só nele que sua atenção focou. Lamentou não ter caprichado na maquiagem, mas ao mesmo tempo sentiu-se aliviada porque estava se achando bem charmosa ao natural. Ele estava com uma camisa rosa, calça jeans desbotada, uma cerveja na mão e rindo deliciosamente. Torceu para aquela mesa ser a dos amigos. À medida em que chegavam mais perto, os olhares se encontraram e era como se tivesse pegado fogo. Por um milésimo de segundo parecia que so os dois estavam ali. As mãos suaram e o coração gelou. Os olhos continuavam se encarando e mais intensamente. No momento seguinte, como se fosse um sonho,  ela e a amiga pararam ao lado dele e com um sorriso malicioso foram apresentados. Ele a envolveu em um abraço, seu perfume tomou conta de todas as partículas do corpo dela, baixinho ele sussurrou “era por você que eu estava esperando” e naquele instante ela teve certeza, ele iria virar seu mundo de cabeça pra baixo. A noite estava apenas começando. Sextou, como diriam. 

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