O telefone tocou e ela nem fez questão de atender, aliás, aquela ligação não mudaria em nada sua vida, veio tarde demais. Olhou para os lados e a vontade que teve era de sair saltitando pelas ruas, não importando com os expectadores assíduos. Tentar recuperar sentimentos perdidos só não é mais inútil do que querer explicar erros injustificáveis. Ela deu todas as brechas, abriu várias lacunas e fez várias tentativas de tentar retomar de onde pararam, mas foi tudo inútil, em vão. Não aproveitar uma oportunidade visível e palpável enquanto se é possível, é pedir pra tropeçar no próprio ego posteriormente. E não é que ela estava certa, ele acabou mesmo tropeçando. Ela optou por agir como se nada estivesse acontecendo, afinal, sabia que de nada tinha culpa. Ele continuava cobiçando sua atenção, seus carinhos e o seu amor, o que ele não sabia era que agora era mais que inútil e completamente desnecessário, pois aquele amor que antes fora todo dele, agora já tinha encontrado outro coração. Diante disso, ela que - agora - andava tão feliz e leve, parou, contemplou o imenso mar à sua frente e não pensou duas vezes, deixou por lá todo esse passado, todas essas lembranças, todas as dores e mágoas, deixou, de uma vez por todas, qualquer resquício dele, apagou-o de vez da memória, sem saber, ele havia acabado de lhe dar a chave da sua libertação.
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