Sem título 01/2012.

fevereiro 01, 2012 0 comentários
"Quando você questiona, se por fim, me ganhou, sinto é vontade de subir ao pódio junto e compartilhar não o primeiro, mas todos os lugares, assim: junto. Se dou espaço à insegurança vez ou outra, é puro charme. Quero que a liberdade te aponte até mim, mas não forço: deixo que a vida siga seu curso, que bossa permaneça sempre nova, e que, se o caso seja, cada vez mais seja eu chamada para figurar nos seus dias. Digo que só aceito a sua vitória se ela for minha também, como pura verdade de quem se fechou tempo demais pra qualquer sentimentalidade e - aos poucos que tem que ser - reflora, reacende. Vive. E assim, é que tem sido: à flor da pele e sem muito espaço pra deixar que o pensamento, cheio de suas lógicas e razões, se infiltre. Brechas, sim, para felicidade e sorrisos, e mão na perna enquanto dirige, cócegas e beijos. Se penso em presente, primeiro vem a leveza desses dias onde são leves quando tem sua participação, e áridos, quando não, e claro, você. O presente, dentro do momento atual. Que, sabe, tem melhora garantida nesse meu humor volúvel - que, com você, sempre tão delicado e suave - e em pele e cabelo, costumes e pessoas. Meu sono, sempre tão caótico, agora é existente - e sereno, o que é praticamente um milagre. Tanto que dialogo, e divago, viajo e desconheço aonde tudo deixou de ser realidade, e passou a ser sonho mesmo. Sonho meu.

Então que desenlaço devagar toda a trama dessa história que se desenrola sem nem ao menos ler o manual de instruções - que me surpreenda no caminho. Temo que qualquer atitude mais brusca, frase desconexa, dê defeito e faça sumir qualquer construção de afeto que tenho nutrido, depois de tanto tempo inerte à essa sensação de paz mista com loucura. Porém, contente, carrego pra lá e pra cá a expressão que por mim fala e aos poucos descubro existir: um festival de bom-dia, e tudo bom, sorrisos amplos e disposição - não tanto pelo café, mas sim, por esse sentido maior por trás de tudo que nos faz avançar e palpitar o peito, intuitivo ocasionalmente. E que me fez agir, e tentar, mesmo sem saber, mas sabendo o tempo inteiro, o que suspeitava valer ainda mais que o sabor de uma simples conquista. Aos poucos e atenta a todo e qualquer movimento, é que tenho me libertado do pedestal de ser inalcançável e exigente a que me impus e descido, com os pés firmes no chão, para entrar no carro preto, e fugir do que o cotidiano nos oferece. Sem me entregar totalmente ainda, até saber direitinho e sem engano o que fará você com o que receber, apenas para não iludir. Mesmo sem saber até que ponto se está dentro disso que vivencio, mas ainda com claridade, agradeço. E presente, quando recebemos, requerem ao menos um obrigado. Menina obediente que sou apenas ocasionalmente, tenho o feito e em troca, ganho a consciência livre, solta para correr longo dos assuntos aqui do peito.

Com cuidado para que não se quebre a magia do encanto, e muito menos enjoe, é que tento cultivar o magnetismo que tem em entrar no carro preto e ser elevada a um nível de ventura, harmonia e sorte, assim reunidos, intensos. Sem passado, pra servir como papel determinante, nem futuro, expectativa e logo, tortuoso: o agora é o que mais quero. Daquele meu jeito imediato de sempre, suprida, talvez, como nunca. Porque é na sua tranquilidade imensa que a minha paz se reencontra e recarrega - que desastrada, uma louca, você sabe. Que sente cócegas, e ri das meias, das medíocres pessoas, de tudo. Nesse seu jeito pacato que o meu desatino é fisgado, se abriga, e então, se anula: o bem que você me faz, o que nenhum outro fez, jamais."


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